Disciplina Tópicos Especiais IAU_SP São Carlos Brasil. Março 2023

Desafios ao estatuto da Arquitetura: uma história recorrente

Edital 31/2022–PrInt USP–Programa de Professor Visitante do Exterior–PVE/2022

Programação

Docente: Carlos Tapia Martín

Instituição: Escuela Técnica Superior de Arquitectura. Departamento de Historia, Teoría y Composición Arquitectónicas. Universidad de Sevilla, España.

PROGRAMA: Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo: IAU – USP. ÁREA: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo. LINHA DE PESQUISA:  Territórios e Cidades. Transformações, Permanências, Preservação. Cidade, Arte e Cultura. Nº DE CRÉDITOS: 4 CARGA HORÁRIA TOTAL:  60hs

Módulo 1: Pensando como Fazendo

Argumentação 1: O Estatuto da Arquitetura.

Argumentação 2: DiplomaGia Arquitetônica. Política e Ecologia para arquitetos.

Argumentação 3: Nem caráter nem composição. Quando no início do século 21 a vicissitude significava lassidão.

Módulo 2: Fazendo como pensando

Argumentação 4: Com-por metáforas arquitetônicas, paridolia oca. Casa da música húngara em Budapeste. Sou Fujimoto

Argumentação 5: De Pirâmides e Bastides. A renovação urbana do Bastide Niel. MVDRV em Bordeaux, França.

O curso terá seis sessões de 4 horas, de acordo com a programação. Cada sessão é dividida em 2 horas de palestra pelo professor e 2 horas de discussão com os estudantes usando o que foi apresentado na palestra e uma seleção de materiais fornecidos com antecedência (leituras e filmes).

(dias de aula: 13, 14, 15, 20, 22 e 23 de março de 2023, na tarde, em Português)

Objectivos:

  • Discutir uma definição para a arquitectura actual, fornecendo argumentos sólidos para uma afirmação especulativa e antecipando o papel do arquitecto nas sociedades de meados do século XXI, através da utilização de contextos históricos e filosóficos prevalecentes na educação arquitectónica
  • Estabelecer quadros teóricos de referências e submetê-los a uma reavaliação
  • Introduzir aos estudantes pós-graduados novas abordagens teóricas e enquadramentos da Arquitectura, avaliando perturbações no campo da arquitectura devido a campos relacionados – biologia, inteligência artificial, novos materialismos
Conteúdos

A experimentação necessária, que é sinônimo de antecipação da mudança, não foi suficientemente elucidada para ter promovido como prioridade e especulativamente -como deveria ser a vocação das universidades- ações de ensino que levassem à aceitação da evolução do papel da arquitetura nas sociedades contemporâneas. É verdade que esta é uma afirmação que não mostra algumas singularidades muito significativas existentes, mas é somente com a consciência da necessidade de grandes decisões, e de forma generalizada, que é possível manter outra das funções da universidade: a de ser um observatório que antecipa e promove mudanças. Naturalmente, é também sua função ser um defensor da resistência à reforma da Constituição da Arquitetura. Isto não é uma contradição. A universidade é esse espaço de debate e de decisões arriscadas. Se não tivermos arquitetos treinados para um mundo que ainda não existe, não haverá resposta quando isso acontecer.

Assim como Apollinaire disse que ele viveu «no tempo em que os reis haviam ido embora», podemos prever que a transformação radical de tudo o que conhecemos, aprendemos e colocamos em prática significará que tanto o Estatuto da Arquitetura quanto o papel do arquiteto nunca mais serão os mesmos. Portanto, o treinamento que os currículos de arquitetura terão que assumir a curto prazo este desafio, enfrentando-o com convicções profundas que incentivarão a liderança na difícil transição para uma era de incerteza ainda maior, se possível.

O curso terá cinco sessões de 4 horas, de acordo com a programação. Cada sessão é dividida em 2 horas de palestra pelo professor e 2 horas de discussão com os estudantes usando o que foi apresentado na palestra e uma seleção de materiais fornecidos com antecedência (leituras e filmes).

A experimentação necessária, que é sinônimo de antecipação da mudança, não foi suficientemente elucidada para ter promovido como prioridade e especulativamente -como deveria ser a vocação das universidades- ações de ensino que levassem à aceitação da evolução do papel da arquitetura nas sociedades contemporâneas. É verdade que esta é uma afirmação que não mostra algumas singularidades muito significativas existentes, mas é somente com a consciência da necessidade de grandes decisões, e de forma generalizada, que é possível manter outra das funções da universidade: a de ser um observatório que antecipa e promove mudanças. Naturalmente, é também sua função ser um defensor da resistência à reforma da Constituição da Arquitetura. Isto não é uma contradição. A universidade é esse espaço de debate e de decisões arriscadas. Se não tivermos arquitetos treinados para um mundo que ainda não existe, não haverá resposta quando isso acontecer.

Assim como Apollinaire disse que ele viveu «no tempo em que os reis haviam ido embora», podemos prever que a transformação radical de tudo o que conhecemos, aprendemos e colocamos em prática significará que tanto o Estatuto da Arquitetura quanto o papel do arquiteto nunca mais serão os mesmos. Portanto, o treinamento que os currículos de arquitetura terão que assumir a curto prazo este desafio, enfrentando-o com convicções profundas que incentivarão a liderança na difícil transição para uma era de incerteza ainda maior, se possível.

A renovação contínua dos Planos de Estudo de Arquitectura nas décadas já abrangidas do século XXI tem sido mantida firmemente na convicção de que o grau a ser emitido deve ser generalista, que os tempos de aprendizagem devem ser adaptados ao formato de Bolonha (Na Europa: a prática está a liderar a formação) e que o seu corpus disciplinar deve permanecer intacto. A actualização dos conteúdos é também uma premissa, é verdade, mas dentro das disciplinas tradicionalmente ensinadas, e com pouca capacidade de assimilação das transformações que hoje, um tempo de grande incerteza e crise, afectam, e ainda que não seja discutido, o Estatuto da Arquitectura.

Com a expressão «Estatuto da Arquitectura», queremos enfatizar a redefinição da arquitectura, não o estrito cumprimento de uma ordem eficaz para reconhecer que a arquitectura, apesar da sua evolução, é o que ela é. O termo já está no debate que Jean Le Rond D’Alembert escreveu no seu Discours Préliminaire de l’Enciclopédie (1860) em relação às Belas Artes. Significativamente, este ponto não é original na sua discussão a partir dos nossos pressupostos de que a arquitectura é transformação – também interna -, mas o seu registo centrado na fixação do conhecimento na publicação de l’Encyclopaedia, torna-o relevante. Há um ponto de inflexão entre o natural e o humano, da mimese da natureza contra a expressão genial do artista, a arte como criação por e para si própria. Nesse ponto de viragem, onde tantas nuances e contradições foram encontradas durante o século XX, não estamos hoje exactamente lá, embora a sua presença ainda seja percebida, e isto no conhecimento de que difere das conceptualizações originais. Contudo, um uso aparentemente inocente da expressão on peut joindre por D’Alembert, serve para iluminar as mudanças que qualquer estatuto implica com o passar do tempo e para acusar as pressões de novos contextos. «É possível aderir» seria a sua tradução de francês para inglês e tentativas de expressar a possibilidade de deixar uma certa, digamos com cautela, essência, permitindo transformações por apego, enquanto esse núcleo permanece. Mas, precisamente, o conservadorismo pela mera adição de apêndices, sejam eles preliminares de moda ou adendas dispensáveis, mina as urgências com que os novos desafios daquilo a que tão inadvertidamente chamamos disciplina devem ser enfrentados, apesar do uso prolífico que nós arquitectos fizemos dos textos de Foucault sobre ela.

Não se trata de poder exercer o direito de limpar camadas temporárias para se referir àqueles habitats nostálgicos onde a acção arquitectónica utilizou o seu estatuto para alcançar o status (quo). Trata-se de sintomizar o nosso presente para fazer uma arquitectura que esteja à altura das circunstâncias. Circunstâncias que são a irreversibilidade já evidente das consequências da acção humana sobre o planeta, a crise económica permanente, a ameaça viral, a desigualdade social e uma lista não tão longa de causas secundárias, se tivermos em conta que com os já expostos, a vida humana não alimenta expectativas de sobrevivência a médio prazo.

Descrição da prática, bibliografia

A prática vai consistir em uma monografia que atenda:
detectar transformações no processo de projeto arquitetônico. Estas transformações podem ser transferências da arte para a arquitetura, o abandono da história, a crítica da teoria arquitetônica, a desarticulação da autoria, populismos, a relevância das mulheres arquitetas, novos materialismos, etc. Deve-se concluir com uma avaliação das conseqüências gerais que podem ser previstas que as gerações futuras verão sobre nossa época.

O comprimento da monografia será superior a 10 A4, fonte «calibri» 10 dpi em um arquivo pdf, nomeado como se segue:
SobrenomeNome_DT_acrônimo_título.pdf

A data de entrega da monografia será após a conclusão do curso, com tempo suficiente para desenvolvê-la. Os alunos serão acompanhados em tutoriais a todo momento até a entrega final.

Bibliografia necessária (dos responsáveis da disciplina)

  • Tapia Martin, Carlos: Architectural DiplomaNcy. Pag. 143-162. En: ReciprociUdad DESIGN DIPLOMACY IN SEVILLE. Málaga. Recolectores Urbanos. 2021. 291. ISBN 978-84-121493-1-9
  • Tapia Martin, Carlos, Medina Morillas, Carlos: Zoé entra en casa. La biología en la formación en arquitectura. Comunicación en Jornada. octavas Jornadas sobre Innovación Docente en Arquitectura (JIDA¿20). Escuela de Arquitectura de Málaga (eAM). 2020 DOI: http://dx.doi.org/10.5821/jida.2020.9330
  • Tapia Martin, Carlos (Coordinador): DE FORMA ET VITA. La arquitectura en la relación de lo vivo con lo no vivo. Sevilla. Athenaica. 2020. 259. ISBN 9788418239045
  • Tapia Martin, Carlos: La ciudad bajo el signo de Afrodita Pandemos. En: Geopolítica(s): Revista de Estudios sobre Espacio y Poder. 2020. Vol. 11. Pag. 189-208. https://dx.doi.org/10.5209/geop.69315
  • Tapia Martin, Carlos: Ciudad elusiva: formas de vida y modos de existencia. En: Astrágalo: Cultura de la Arquitectura y la Ciudad. Segunda Etapa. 2017. Núm. 23
  • Tapia Martin, Carlos, Rodrigues Alves, Manoel: Deus ex Machina. Formar en arquitectura para un mundo que (aún) no existe. Deux ex Machina. Architectural Education for a (still) unexisting world. Comunicación en congreso. V Jornadas de Innovación Docente en Arquitectura. ETSA SEVILLA, Universidad de Sevilla, España. 2017. DOI: 10.5821/jida.2017.519

Bibliografia geral (a ser completada pelos estudantes)

  • Bauman, Z. (2017). La Globalización: Consecuencias Humanas. Sociología (Fondo de Cultura Económica).
  • Basar, S. (2007). Your Architecture Has Consequences. AA Files, (55), 12-13. Retrieved March 13, 2021, from http://www.jstor.org/stable/29544646
  • Damisch, H., & Rose, J. (2003). Blotting Out Architecture? A Fable in Seven Parts. Log, (1), 9-26. Retrieved March 14, 2021, from http://www.jstor.org/stable/41764938
  • Giddens, A., Bauman S. [et al.] ; Josetxo Beirain (comp.). (1996). Las Consecuencias Perversas de La Modernidad: Modernidad, Contigencia y Riesgo. Barcelona: Anthropos.
  • Fernández, R. 2022. Futuribles Proyectuales. Microensayos críticos de arquitectura. Ediciones UNL Santa Fe.
  • Fernández, R. 2017. Arquitectura del espejismo. Ensayos sobre la ciudad mediática y el fin de lo público. Recolectores Urbanos.
  • Lefebvre, P. (2017) What Difference Could Pragmatism Have Made? From Architectural Effects to Architecture’s Consequences. In, Footprint, 11 Delft pp.23-36
  • Loick, D. (2016) The Abuse of Property. Berlin: August-Verlag. Resumo de alguns dos argumentos centrais: Daniel Loick The Right to Abuse The Right to Abuse – Architecture – e-flux (e-flux.com) Retrieved March 13, 2021
  • Ockman, J. (2009). One for the Sandpile. Journal of Architectural Education (1984-), 62(3), 26-99. Retrieved March 14, 2021, from http://www.jstor.org/stable/40480951
  • Ockman, J., & Tschumi, B. (2008). Talking with Bernard Tschumi. Log, (13/14), 159-170. Retrieved March 14, 2021, from http://www.jstor.org/stable/41765244
  • Ockman, J. (2020). Consequences of Pragmatism: A Retrospect on “The Pragmatist Imagination”. In Loosen S., Heynickx R., & Heynen H. (Eds.), The Figure of Knowledge: Conditioning Architectural Theory, 1960s – 1990s (pp. 269-298). Leuven, Belgium: Leuven University Press. doi:10.2307/j.ctv16x2c28.17
  • Martin, L. (2009). Against Architecture. Log, (16), 153-167. Retrieved March 13, 2021, from http://www.jstor.org/stable/41765285
  • Nouvel, J. (1997). Doctrines and Uncertainties Questions for Contemporary Architecture; Lectures at the Centre Pompidou. Perspecta, 28, 52-63. doi:10.2307/1567192
  • Schermer, B. (2001). Client-Situated Architectural Practice: Implications for Architectural Education. Journal of Architectural Education (1984-), 55(1), 31-42. Retrieved July 20, 2021, from http://www.jstor.org/stable/1425673
  • Somol, R. (2009). Poli-Fi. Journal of Architectural Education (1984-), 62(3), 32-33. Retrieved March 14, 2021, from http://www.jstor.org/stable/40480954
  • Teyssot, G. 2013. A Topology of Everyday Constellations. Writing Architecture. MIT Press.
  • Vesely, D. (1985). ARCHITECTURE AND THE CONFLICT OF REPRESENTATION. AA Files, (8), 21-38. Retrieved March 14, 2021, from http://www.jstor.org/stable/29543434
  • Wallenstein, S O. 2016. Architecture, Critique, Ideology: Writings on Architecture and Theory. Axl Books


Datas

Dias 13, 14, 15, 20, 22 e 23 de março de 2023, das 14:00 às 18:00hs

Matrícula

Alunas(os) regulares: as matrículas das(os) alunas(os) regulares ocorrerão via Sistema Janus, no período de 22/02 a 07/03/2021.

Alunas(os) especiais: matrícula de 08 e 10/03/2021, conforme instruções do menu Alunos Especiais, do site do PPG.  

Alunas(os) de graduação do IAU, estão isentos do pagamento da taxa de matrícula, mas devem seguir os mesmos procedimentos de matrícula das(os) Alunos Especiais

Contexto
Edital 31/2022 – PrInt USP – Programa de Professor Visitante do Exterior – PVE /2022

Edital 31/2022 – PrInt USP – Programa de Professor Visitante do Exterior – PVE /2022

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+Info

outarquias@us.es

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Consequências Arquitetônicas

© créditos das imagens deste sítio web: Carlos Tapia. New York City Feb 2020